Entrevista- Volta Da Jurema
Supremacia Rock Entrevista
Publicado em 06/09/2024

Saudações Supremos e Supremas ☠️

Supremacia Rock Entrevista, Volta da Jurema, banda de Hardcore do Piauí.

Saudações, me chamo Bruno Lacerda, é um prazer conhece-los!

Perguntas:

1. O que inspirou a formação da Volta da Jurema e como a experiência anterior de cada membro influenciou o som da banda?

A Volta da Jurema é uma banda de amigos que já vinham de outros projetos juntos. São 8 anos de entrosamento tocando em outras bandas. O batera, guitarra e baixista tocavam juntos na banda de Death Metal Morbid Whisper. Também tivemos outra banda antes da Volta da Jurema, o Phunkbuda, que era uma mistura de Rap, Hardcore e Reggae, algo que soava como Rage Against the Machine e Planet Hemp.

Essa banda chegou a ser uma das mais cotadas pros eventos no Piauí em 2018 mas veio a pandemia e encerramos as atividades. Um tempo depois estávamos afim de fazer algo diferente e o Hardcore é um estilo pouco explorado na região.

Existem bandas de punk, crossover, grind mas hardcore no estilo Pennywise, NOFX e Bad Religion, não existe nenhuma outra banda em atividade no Piauí. Foi daí que nasceu a Volta da Jurema.

2. Como vocês veem o cenário musical em Parnaíba e qual é o papel da banda na promoção do Hardcore na região?

Parnaíba é uma cidade pequena e como qualquer lugar litorâneo no nordeste, tem forró, sertanejo e reggae como sons predominantes mas sempre existe uma cena rock.

A galera daqui não segmenta muito....é rock e pronto, independente de ser Death Metal, hardrock, punk, melódico ou o que quer que seja...são eventos misturados. Tem muitas bandas covers como Motorhead, Linkin Park e System of a Down mas bandas autorais são poucas. Volta da Jurema veio pra jogar na mesa um estilo que pouca gente conhece por aqui.

A galera está acostumada com Ratos de Porão, Napalm Death e umas pancadarias assim, mas a gente trás uma sonoridade mais pro lado do Dead Fish, No Use for a Name, Pennywise e por aí vai. Estamos tocando e produzindo justamente pra ser mais uma banda que fortalece o movimento. Não queremos ser melhor do que ninguém, apenas queremos tocar e trazer coisas novas pra galera. Tanto que nosso primeir EP é cheio de participações e levantamos a bandeira do Hardcore e Punk Nacional.

3. Como é o processo de composição das músicas? Vocês têm uma abordagem colaborativa nas letras e melodias?

A Volta da Jurema é tem pouco mais de um ano de atividade mas já toca junto há mais de 8 anos em outros projetos. Isso facilitou muita coisa. Fizemos o caminho contrário afinal, muitas bandas surgem no estúdio, tocam ao vivo e aí partem para as gravações. Nós preparamos tudo antes....proposta da banda, ideias, riffs e letras.

Chegamos com tudo pronto, fizemos a pré produção e quando foi para ensaiar já tínhamos 10 músicas que pareciam que eram tocadas há muito tempo. Deu liga, o entrosamento facilitou muita coisa. As letras vão do questionamento social e do impacto da polarização na saúde mental da galera. É um misto daquela inconformismo Punk e o lado da motivação, de dar uma palavra amiga e força pra galera através das letras.

4. Quais são as principais influências do Hardcore nos seus trabalhos e como vocês incorporam elementos regionais nessa música?

Nossas principais influências são as bandas de Hardcore californiano dos anos 90 como Pennywise, NOFX, Bad Religion, Suicidal Tendencies....essas são as influências na produção da banda. Mas cada um de nós tem sua influência particular. Três de nós viemos de bandas de Death Metal então é natural termos algumas passagens mais pesadas. Nosso vocalista, além do skate punk, tem muita influência de Rap e Reggae, Dub e Ragga. Ele tem muito flow no vocal, particularidade dele que agrega demais no som. O segundo guitarrista é natural de banda de hardcore e acaba trazendo mais sonoridades de influências como Lagwagon e Face to Face. Tudo junto forma nosso som. A regionalidade se encontra nas letras e no sotaque. O primeiro clipe Melhor que Paris foi totalmente inspirado em um caso tipicamente piauiense, de um político que falou que Parnaíba está melhor que Paris. Mas como? Gente pobre, fome, falta educação, infraestrutura, saúde....melhor que Paris como? Aproveitamos a sacada regional e transformamos ela em um questionamento maior.

Mas o próprio nome da banda é um ponto local, Volta da Jurema é um trecho perigosíssimo da estrada que liga Teresina à Parnaíba.

Confira:

https://youtu.be/6LTenwXnozM?si=2E8-oP_xfHLGl8JR

5. Conte-nos sobre as participações especiais no EP "Em Paz". Como surgiu a ideia de colaborar com esses artistas?

Muito bom ter amigos, assim considero todas as participações. Mas, mais do que amizade, tinha primeiro o lance de composição...tinha que encaixar na proposta que gostaríamos. Tanto de letra quanto de flow.

O Marinho é vocalista do Overal, também tocou com o Maquinamente e em outra oportunidade participou de um som do Phunkbuda. Sempre gostamos do vocal dele e sabíamos que essa parte mais rap de Em Paz precisava de alguém com pressão na voz pra passar a mensagem.

No mesmo som teve o Rafael Bombeck, ex guitarrista do Pavilhão 9...ele foi o responsável por cuidar de todas as masterizações do EP e fez uma diferença absurda na sonoridade da banda.

Manu Joker, vocalista do Uganga, era baterista da lendária banda Sarcfófago e participou da falta Respeito aos Olds...participação por si só explicativa.Ele representa perfeitamente a galera Old School e sempre deu uma puta força pra Volta da Jurema.

Jéssica Aguilera, da Tara Bipolar e Maga Rude, trás a voz feminina em um dos sons que considero mais importante, Resistir é Caminhar....um som que trás uma palavra amiga e repleta de significado, importância.

O Jão do Corvo é um grande amigo nosso e participou da track Eu Não Aguento Mais, ponto forte também pois esse som virou clipe.

Também tivemos o Chakal do Obtus, banda lendária aqui da cena Punk do Piauí...se queremos fazer punk e hardcore por aqui, precisávamos da bênção dele. Todas as participações somaram demais.

Confira:

https://open.spotify.com/album/5FlwTmpztLtfLgHkEdGbXZ?si=DR4V14oFSoqYWxvgk1KYlQ

6. As letras de vocês frequentemente abordam questões sociais. Por que é importante para vocês trazer essas provocações através da música?

A música é um caminho pra gente tocar em certos assuntos delicados de uma forma mais aberta. Vivemos em tempos de polarização onde a galera está se desentendendo em proporções antes inimagináveis.

Acreditamos que através da nossa música conseguimos inserir temas importantes e relevantes para um público que não está habituado com esse debate.

Acreditamos na essência inclusiva do punk, onde preconceito e outros cânceres sociais não tem espaço. Música molda caráter e essa escola nos ensinou muita coisa...sobre como tratar as pessoas, sobre lutar por mais justiça, inclusão e empatia.

Através da música dizemos que você pode ser quem você quiser, você é livre pra isso. Uma das primeiras ideias da Volta da Jurema foi pensar que nossa música é contra tudo aquilo que te impede de viver. Queremos um mundo melhor, só isso...como o Cólera diz, pela paz em todo o mundo.

7. O que vocês esperam transmitir com o EP "Em Paz" e qual é a mensagem principal que vocês querem que os ouvintes levem?

Antes de tudo, Em Paz é quase um grito de liberdade. Queremos que você viva Em Paz, mas pra isso você precisa compreender o tamanho da treta do mundo. Aquele lance, pra viver Em Paz você tem que estar preparado pra guerra.

É sobre ter consciência de si mesmo e seu papel no mundo, na luta contra preconceito de todo tipo, contra injustiças sociais, violência, politicagem e todos os males que afetam a humanidade e seu jeito de ser. É sobre você ser quem você quiser e viver bem consigo mesmo.

Sempre vão existir os percalços mas siga em frente, não desista, sobreviver é uma questão de resistência.

8. Como foi a experiência de realizar o show de lançamento do EP? O que o público pode esperar das apresentações ao vivo da banda?

O show de lançamento foi uma grata surpresa. O pessoal da cultura de Parnaíba viu nossa movimentação de lançamento do EP e nos deu a oportunidade de ser atração principal no Dia do Rock em um festival chamado Delta Férias.

Um festival misto com todos os estilos, do sertanejo ao reggae, do forró ao brega e nós lá no meio encabeçando o sábado do rock. Na noite anterior quem tocou foi o É o Tchan e no domingo seguinte foi o Toni Garrido, ou seja, utilizamos a mesma estrutura das grandes bandas que tocaram nesse evento. Foi uma ótima oportunidade para apresentar a banda para um público diferente do que estamos acostumados afinal, somos uma banda Underground.

A receptividade da galera foi sensacional e a apresentação da banda deu uma bela repercutida na cidade. Muita gente que não conhecia a banda veio trocar ideia e deu uma bela alavancada no lançamento do EP.

9. Quais foram os maiores desafios enfrentados na criação e lançamento do EP e como vocês os superaram?

O maior desafio de todos é ser uma banda do litoral do Piauí. Somos de uma cidade pequena e longe de tudo. É muito difícil conseguir shows por aqui, normalmente somos nós que organizamos no estúdio pub do nosso batera. Por enquanto, o único lugar que tocamos fora daqui foi em São Bernardo no Maranhão com o Wipeout, banda de lá. Pra contornar isso estamos trabalhando, produzindo e preparando a banda de uma forma que consigamos nos inscrever em editais, festivais e partir pra esses caminhos pois a gente sabe da realidade Underground e os empecilhos.

Não queremos ganhar grana com a banda, mas temos custos de deslocamento, rango, hospedagem e tudo mais pra poder tocar em outro lugar e o primeiro que nos vem a cabeça é Teresina, capital do Piauí.

Ainda não conseguimos um produtor que quisesse nos ajudar com pelos a gasolina e isso é só um exemplo de como as coisas são difíceis por aqui. Mas temos a confiança e portfólio pra qualquer hora encontrar as oportunidades certas e logo menos estamos tocando por aí.

10. Quais são os próximos passos para a Volta da Jurema? Há planos para novas músicas ou turnês?

Já estamos em fase de produção de um álbum completo com pelo menos 10 músicas. Começamos a trabalhar recentemente com mais um guitarrista e isso está enriquecendo demaas a parte musical, fazendo a gente rever alguns detalhes de harmonia e ter novas ideias. É um processo bem interessante e não queremos pressa pra trampar nisso. Quem sabe um álbum pro meio do ano que vem.

Enquanto isso vamos participar de um tributo ao Inocentes com a música Miséria e Fome e um tributo ao Cólera com a música Caos Mental Geral para a Rádio Mutante. Além disso, vamos lançar um tributo ao Grinders de maneira independente. Já turnê, na hora certa vai acontecer.

11. Como tem sido a recepção do público até agora e que tipo de feedback mais impactou vocês?

Melhor do que esperávamos. A galera daqui desacreditou da qualidade das gravações e das participações. Foi tudo feito com muito cuidado, com masterização do Rafael Bombeck, ex Pavilhão 9. Uma banda feita no Piauí, produzida no Piauí, mas que vem ganhando espaço em outros lugares. A gente recebe mensagem de todo canto do Brasil, de São Paulo à Bahia, Fortaleza, Minas...trampamos nos velhos moldes da troca de cartas mas com as infinitas vantagens da internet.

Conseguimos quebrar barreiras geográficas e ter gente escutando a Volta da Jurema em qualquer lugar do Brasil. Chegamos até o produtor do Gritando HC, Ricardo Drago, que nos convidou para os tributos da Rádio Mutante e preparou uma camisa especial pra gente. Já rolamos em algumas rádios como no programa do Ritchi na Antena Zero, e o Rota 77 do Barata DZK. Um dia desses nosso amigo Johnny Z mandou mensagem dizendo que o Clemente ouviu a banda. Já trocamos mensagens com o Rodrigo do Dead Fish que nos deu uma bela injeção de motivação. Esses são apenas algumas das boas coisas que estão acontecendo com a gente e temos a certeza que tudo isso vem por conta do nosso EP, dos clipes e da nossa postura pra conseguir apresentar a banda por aí mesmo com as limitações de morar no Piauí.

12. Que mensagem vocês gostariam de deixar para os fãs e para quem está conhecendo a banda agora?

Valorizem as bandas locais, underground e principalmente autorais. Tem muita gente boa por aí que merece ser ouvido. Não custa nada acompanhar no instagram, comentar posts, assinar canais de Youtube, dar aquele play no spotify, compartilhar e apresentar pros amigos.

O nosso é o @voltadajurema.Essa é a realidade da música hoje, diferente daquela época que comprar os discos era a principal forma de ajudar uma banda. Ouça a Volta da Jurema, nos dê essa oportunidade de mostrar o nosso som. Se gostar, maravilha, valeu, mostra pra galera. Se não gostar, tudo bem também, temos a certeza que existem outras milhares de bandas que pode lhe agradar e dê essa oportunidade pra eles também.

Tem espaço pra todo mundo, basta a gente se unir e entender que esse rolê vai muito além da música. É uma parada de atitude mesmo. No mais, só agradecer.

Siga a banda e conheça mais:

https://www.instagram.com/voltadajurema?igsh=ZHBuaWFqdTF1M2Nv

Obrigado pelo tempo cedido para essa entrevista, nós do Supremacia Rock, desejamos todo sucesso do mundo a vocês!

Entrevista feita por Bruno Lacerda/Supremacia Rock, concedida por Artur Fontenelle, á intermédio de Johnyy Z(Metal na Lata).

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